Na mitologia grega, o Minotauro era o monstro encerrado no labirinto, alimentado por sacrifícios e condenado a existir fora do mundo. Mas nesta versão de Mário Galiano, o Minotauro não é apenas um monstro — é a encarnação do medo. Um medo antigo, íntimo, que tem corpo e peso. Um medo que se enfrenta, não se destrói.

A pintura é uma metáfora do confronto com o que há de mais profundo em nós: as partes indomadas, bestiais, vulneráveis. O Minotauro aqui é símbolo de tudo aquilo que escondemos, da raiva contida, da dor sem nome, dos desejos reprimidos. Não ataca nem se defende. Observa-nos. E, nesse olhar, talvez nos convide a fazer o mesmo: a parar e a olhar para dentro.

Óleo sobre painel 90x61cm 2024

Galiano não retrata o herói, mas aquele que espera. Não exalta o gesto de Teseu, mas o silêncio do ser que aguarda ser compreendido. O Minotauro é corpo e sombra, vítima e ameaça, memória e projeção. E é, acima de tudo, um espelho: daquilo que não compreendemos em nós próprios, mas que precisa de ser visto para poder ser libertado.

Com esta obra, o artista transforma o mito numa alegoria íntima e universal. E lembra-nos que há labirintos que só se vencem parando no centro — frente ao monstro, olhos nos olhos, sem espada, sem saída, mas com coragem.

Preço: sob consulta (obra disponível; contactar para aquisição — despesas de envio não incluídas).